Pesquisar este blog

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Neuróticos constróem castelos no ar. Psicóticos moram neles.

O Bolsa Família só se justifica se for um benefício emergencial e pontual, como no caso do seguro-desemprego. Aécio queria ir mais longe que o PT e transformá-lo em um direito PERMANENTE.

Os brasileiros tiveram de escolher entre dois projetos socialistas, sendo que, em certos aspectos, como o do Bolsa Família, o projeto do Aécio era mais radicalmente socializante que o do PT.

FHC aumentou a carga tributária 9 vezes mais do que o PT. E multiplicou a dívida pública, que diminuiu sob Lula e Dilma. 

Durante a campanha, Aécio falava em fazer muito mais creches do que Dilma, e expandir o Minha Casa, Minha Vida e o sistema de cotas.

Apesar de tudo isso, o Aécio do imaginário anti-petista era uma espécie de bebê de proveta gestado no ventre de Margaret Thatcher com espermatozóides de Adam Smith: a encarnação do ideário liberal-conservador.

Se você votou no Aécio convicto de que ele era a expressão máxima do anti-petismo, confundindo de forma tão evidente realidade com imaginação, não deve ser difícil para você agora procurar consolo chorando no ombro do seu amigo imaginário.

domingo, 19 de outubro de 2014

Aécio, Fraga e o governo em camadas.

Armínio Fraga, em preparação para a possível vitória de Aécio Neves, foi a Nova Iorque supostamente para tratar, na sede da J. P. Morgan, de sua saída da Gávea Investimentos, que é controlada pela gigante financeira americana desde 2010

Essa é a mesma J. P. Morgan que teria financiado a ascensão dos revolucionários russos, segundo Antony C. Sutton em  "Wall Street and the Bolshevik Revolution". 

E esse é o mesmo Fraga que "deixou um salário de cerca de US$ 60 mil por mês em honorários", quando trabalhava para George Soros, para, humildemente e movido por um enorme desprendimento em favor de nosso país, "receber cerca de R$ 7 mil como funcionário do primeiro escalão do governo FHC" (espero que, ao deixar a Gávea, ele se dê por satisfeito com uns 20 mil reais líquidos hoje em dia, que é equivalente ao salário de um mero gerente de multinacional). Se o PIB ficou emperrado, enquanto a arrecadação e a dívida pública brasileira dispararam no Governo FHC, deve ter sido uma infeliz coincidência, não porque o mercado financeiro tenha se beneficiado de alguma forma de sua política econômica.

A propósito, Armínio Fraga era, em junho de 2003 - veja o quadro na 2ª página dessa publicação oficial -, membro do globalista Inter-American Dialogue, ao qual ainda pertencem FHC e Marina Silva.

Fraga trabalhou também no Salomon Brothers e no Banco Garantia. Não sei ao certo se ele trabalhou no primeiro antes ou depois do escândalo financeiro. Também não sei ao certo se ele trabalhou no segundo antes ou depois do... escândalo financeiro. Mas sei que ele é membro do Group of Thirty, do CFR,  e que foi cotado para ser presidente do FED no governo Obama.

Sendo assim, caso Aécio Neves vença a eleição presidencial, uma análise mais aprofundada de seu governo exigirá a percepção das camadas que o irão compor:

Parte visível:

Gerente/Presidente-embalagem: Aécio Neves.

Presidente de fato: Armínio Fraga.

Parte invisível: CFR, Inter-American Dialogue, Group of Thirty, grandes bancos e fundos de investimentos.

Essa "parte invisível" é curiosamente composta de todos aqueles que os conservadores gostam de chamar de seus inimigos. Apesar de estarem votando efusivamente em Aécio.   






terça-feira, 7 de outubro de 2014

A direita naécia pagando mico.

A "nova direita" está toda empolgada porque o Aécio Neves chegou ao 2º turno das eleições presidenciais. Mas existe o Aécio do mundo real e aquele do imaginário anti-petista. Qualquer um que tenha prestado atenção ao que ele disse em um passado recente, que compare os dados econômicos de FHC aos de Lula e Dilma, e que se dê ao trabalho de ler o programa que o candidato registrou no TSE, percebe a total insanidade que tomou conta dessa direita nécia tupiniquim.

Vejamos de que se trata o Aécio de carne e osso:


Aécio Neves, o candidato do clã dos Rothschild (que todo bom conservador americano abomina, até porque é uma família historicamente envolvida nas origens do "central banking" - o que foi condenado ferrenhamente por um certo Mises, que a "nova direita" adora recomendar em debates com marxistas mas parece nunca ter lido - e explicitamente associada ao satanismo, como no caso dos colares exibidos publicamente por Philippine de Rothschild), no Roda Viva de 2010:

Ele falou bastante sobre a eleição, disse que o partido retrocedeu ao defender bandeiras conservadoras, como no caso da discussão do aborto, o que, segundo ele, aproximou o partido da direita. Para ele, PSDB precisa voltar a ser uma referencia de centro-esquerda no país, se aproximar dos setores mais populares. Brincou, dizendo que o PSDB hoje, apesar disso, ainda é mais de esquerda que o governo do Lula.

Agora vejamos o Plano de Governo registrado oficialmente no TSE pela candidatura de Aécio Neves. Em meio a clichês politicamente corretos, dignos de alguém que defende que seu partido volte "a ser uma referência de centro-esquerda no país", destaco o seguinte trecho, sobre carga tributária:

...Assim, aumentar a carga tributária deixou de ser uma opção viável para o financiamento das políticas públicas, mas há espaço para uma melhoria substancial no nosso sistema tributário, que é extremamente complexo e distorcido.

Percebam que ele não diz que irá baixar a carga tributária (e voltaremos a esse assunto abaixo), mas somente que há espaço para simplificar a burocracia. No capítulo sobre Segurança Pública não há uma única palavra sobre facilitar o porte de armas para civis, mas, no capítulo sobre Energia, há a referência a "estimular uma Economia de Baixo Carbono", e, em Sustentabilidade e Meio Ambiente, ele abraça o conceito de "Cidadania Planetária" - Aécio Neves, o Capitão Planeta 2.0! 

Enfim, são 76 páginas de um programa de centro-esquerda empolgando uma "nova direita" que se diz muito mais intruída e inteligente que a esquerda, mas que não se deu ao trabalho de ler o programa do candidato que defende. 

"Ah, mas a administração FHC foi muito mais eficiente! "

Sinto muito, mas não é verdade! Além do vergonhoso apagão, todos os índices econômicos do período de administração petista foram - admito isso sem ter nenhuma simpatia pelo PT, e muito pelo contrário - superiores ao do governo FHC. E provo:

Carga tributária:

http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2014/07/fhcpsdb-elevou-carga-tributaria-nove.html

Diante desse gráfico, fica ainda mais aviltante esse comentário do candidato no Programa de Governo que registrou no TSE:

O Brasil é um país de elevada carga tributária para seu nível atual de desenvolvimento. Temos uma carga tributária de 36% do PIB num país com PIB per capita de R$ 24 mil. Em geral, países com carga tributária semelhante à nossa têm um PIB per capita quase três vezes superior. 

Sim, mas isso foi obra do PSDB!

Inflação e PIB:

http://www.estadao.com.br/fotos/PIB_INFLA_portal.jpg

Dívida Pública:

http://democraciapolitica.blogspot.com.br/2011/03/lembrando-fhc-divida-interna-e-externa.html


Então é disso que se trata o candidato que tem empolgado a direita nacional: assumidamente de centro-esquerda, não querendo abraçar causas conservadoras ou sequer parecer conservador, ligado ao que há de pior na tal elite "metacapitalista" internacional, que tem um programa de governo oficial de centro-esquerda e cujo partido se destaca por ter passado pelo Governo Federal com um aumento da carga tributária e da dívida pública e uma inflação superiores ao do período Lula/Dilma, e com um PIB inferior.

É a direita naécia pagando mico.







domingo, 14 de setembro de 2014

Arrumando o que fazer na Romênia.

"O modernismo de Olavo de Carvalho", publicado no site da Associação Montfort, expõe claramente a divergência entre o que o pensador diz ser o Cristianismo e o que a Igreja diz a respeito. Segundo Olavo de Carvalho, o Cristianismo não era, em sua origem, uma doutrina, mas uma série de fatos e, sobretudo, fatos miraculosos. Ele foi ainda mais longe no Facebook e, implicitamente, negou a autoridade da Tradição da Igreja Católica, a que diz pertencer:




Disse ele que levou "décadas para entender uma coisa tão óbvia", sendo que ele já havia dito a mesma coisa sobre a suposta centralidade do milagre no Cristianismo.

Ora, a idéia de que o milagre tem papel essencial nessa tradição, em oposição ao que ocorre no Islã, já havia sido afirmada anteriormente por Frithjof Schuon, antigo mestre "espiritual" de Olavo de Carvalho, que foi o representante oficial (muqaddam) de Schuon no Brasil! Ele não levou décadas refletindo sobre isso: ele aprendeu nos livros, e talvez mesmo "aos pés" do antigo mestre.

Já a afirmação de que Jesus não teria pregado uma doutrina - a despeito de se afirmar o contrário nos Evangelhos! - eu não lembro de ter lido em Schuon. Mas isso foi repetido por Andrei Plesu, amigo de Olavo de Carvalho, em um livro romeno de 2012 em que interpreta, de forma aparentemente questionável - a julgar pelo que diz a resenha a que tive acesso - as parábolas proferidas por Jesus. Segundo essa resenha, Plesu afirma, na página 211 de dito livro, que "Jesus não parece ter se preocupado em construir uma doutrina".

Andrei Plesu, além de maçon, é um grande admirador do falecido André Scrima, padre ortodoxo que participou do Vaticano II e tinha claras influências perenialistas. Como já foi dito neste blog, o perenialismo guenoniano nada mais é que uma forma renovada da antiga e herética seita islâmica do Ismailismo, que, por sua vez, ensina a angelologia que Plesu importou e tornou essencial em sua visão do que seria o Cristianismo (vejam o índice de seu livro "On Angels", que se revela uma clara adaptação dos ensinamentos cristãos à angelologia ismailita exposta por Henri Corbin).

Há, na Romênia, duas organizações iniciáticas que foram criadas sob influência perenialista (e Plesu parece ser ou ter sido membro de uma delas ou até mesmo de ambas): a Fraternidade de Hyperion - ou Fraternity of Hyperion, se quiser encontrar mais informações em inglês - e a Rugul Aprins, da qual Scrima era membro.

Participar de uma dessas organizações parece ser a única explicação plausível para o estranho e frequente afluxo de perenialistas brasileiros por aquelas paragens.





















quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Ponerologia vs. Ponerology

Um amigo me chamou a atenção para a capa do livro Ponerologia: Psicopatas no Poder, recentemente lançado pela Vide Editorial:





Nessa edição brasileira, tem-se uma estilização da sede do nosso Congresso. Pode-se ver ao centro, encimando o que seriam as duas torres de escritórios, o punho cerrado utilizado comumente para representar a combatividade das esquerdas e, nas cúpulas das duas câmaras, o que parece ser a vista do Kremlin, à esquerda - ou a administração Putin (?) - e o Capitólio americano, à direita - ou a administração Obama (?). 

Pelo texto do prefácio escrito por Olavo de Carvalho e reproduzido parcialmente no site da editora, e conhecendo-se o que ele diz dos dois líderes políticos citados, creio que não seria imprudente remover os pontos de interrogação acima:

Não é preciso nenhum estudo especial para saber que, invariavelmente, o discurso comunista, pró-comunista ou esquerdista é cem por cento baseado na exploração da compaixão e da culpa. Isso é da experiência comum...


Agora vejamos a capa da edição americana:





As duas capas não parecem expressar exatamente o mesmo conteúdo, sobretudo com trechos como esses abaixo, que retirei do site dedicado à edição original (minha tradução):



... As pessoas que perderam a capacidade de raciocínio lógico (e, portanto, a capacidade de distinguir a verdade da mentira) são portanto mais inclinadas a aceitar a paralógica e a paramoral dos psicopatas e caracteropatas. Observe, por exemplo, o comportamento da "Direita Cristã" e sua aceitação acrítica da propaganda de guerra. 

... A busca da verdade revela fatos "inconvenientes", ou seja, moralmente constrangedores. Por exemplo, os senhores de escravos cristãos sendo lembrados de que manter escravos não é uma atividade muito cristã; ou americanos que normalmente não seriam preconceituosos sendo informados de que os dólares de seus impostos estão sendo gastos para finalidades racistas, ou seja, para a limpeza étnica dos palestinos nas terras cobiçadas pelos sionistas. As sociedades hedonistas reprimem o fato de que se beneficiam do sofrimento alheio. 

Não corra riscos! A edição americana para Kindle está sendo vendida por meros R$ 23,23 na Amazon brasileira







quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Está claro isso aí?

Há alguns anos eu publiquei, em meu antigo blog, uma lista de 10 passos para uma introdução ao perenialismo guenoniano. Muita gente me agradeceu por tê-los postado. Espero que esses 11 fatos iniciais - pois tem muito mais por vir - sejam suficientes para ajudar os leitores a entender melhor de que se trata, de fato, a desgraça chamada perenialismo, qual a sua verdadeira agenda e quem são seus agentes ocultos no Brasil.

 1º Fato:

René Guénon era maçon e cripto-ismailita. Em outras palavras, um defensor e, mais do que isso, um  representante destacado de uma heresia entre os católicos e uma heresia correspondente entre os muçulmanos. O ismailismo é uma praga esotérica que se infiltrou no Islã - e domina sabe-se lá quanto do sufismo - e que, através dos templários, constituiu as bases da "moderna Maçonaria".

Percebi esse vínculo somente há algum tempo. Ao procurar mais sobre o assunto no Google, encontrei esse e-book em espanhol e descobri que haviam não só percebido esse vínculo antes, como também já estava escrito um livro imprescindível para se entender a farsa perenialista.

2º Fato:

O perenialismo guenoniano não é guenoniano: é ismailita. Ele já existia há séculos. O Simbolismo da Cruz, por exemplo, é um antigo tema ismailita que foi posteriormente desenvolvido por Guénon. Ele só fez dar aos preceitos dessa seita o upgrade necessário aos novos tempos, e contou, para isso, com o auxílio de organizações secretas.

3º Fato:

Historicamente, os ismailitas adotaram a estratégia de revezamento entre "ocultação" e "atividade pública", que se alternam de acordo com as condições objetivas que vão encontrando. Quando havia reação poderosa à sua agenda, adotavam a "ocultação" através do discurso duplo ou dúbio, conseguindo frequentemente se passar pelos mais ortodoxos dos fiéis.

4º Fato:

A agenda perenialista consiste em infiltrar uma "elite gnóstica" aparentemente ortodoxa e "conservadora" nas grandes tradições espirituais - sobretudo a Igreja Católica e o Islã - e controlá-las a partir de dentro e, uma vez estabelecido esse controle, conduzi-las à tal "religião mundial".

5º fato:

Mas René Guénon escreveu contra a "religião mundial"! Sim, assim como escreveu, sob o pseudônimo Sphinx, contra a maçonaria em uma revista católica pseudamente anti-maçônica. Releia o 3º fato se ainda não entendeu o que significa "ocultação".

6º fato:

Voltando à agenda perenialista:

De um blog brasileiro sobre perenialismo, resumindo o pastiche que Guénon faz entre uma profecia católica (a do Grande Monarca) e uma islâmica (sobre o advento do Mahdi):

Assim organizações iniciáticas e contra-iniciáticas se enfrentarão em um antagonismo dialético muito sutil; onde “o verdadeiro esoterismo está além das oposições que se afirmam nos movimentos exteriores que agitam o mundo profano, e se estes movimentos são por vezes suscitados ou dirigidos invisivelmente por poderosas organizações iniciáticas, pode-se dizer que estas as dominam sem se misturar, de maneira a exercer igualmente sua influência sobre cada uma das partes contrárias” (René Guénon, O Esoterismo de Dante)

O papel das organizações iniciáticas e sociedades secretas seria duplo: restaurar para cada indivíduo «qualificado» o nível de consciência original, designado como estado primordial ou adâmico; acelerar em modo «subversivo» o processo de decadência coletiva que permitirá o advento de um novo ciclo, iniciado pelo «Grande Monarca» francês, o «Imperador Adormecido» germânico ou o «Mahdi» muçulmano.


Entendam que, para Guénon, o "Grande Monarca" católico seria, ao mesmo tempo, o Mahdi muçulmano, o descendente de Maomé que irá resgatar o Califado.

7º fato:

Os ismailitas são uma vertente do xiismo, e herdaram de sua origem a crença de que cada "Profeta" teve um "continuador" (wasi) - quase que um "sub-profeta" - que daria prosseguimento a seu trabalho e que os descendentes desse "Profeta" - ou desse "sub-profeta"-  herdariam essa função.

Existe toda uma rebuscada explicação "arquetípica" para isso, mas o que importa, em termos práticos, é que os ismailitas acreditam, como os xiitas, que Maomé foi o "Profeta" e Ali, seu sobrinho, era seu "continuador", assim como os advindos do casamento desse com a filha de Maomé, Fátima (daí a doutrina xiita do imamato).

No caso do Cristianismo, o natural seria procurar um descendente direto de Jesus, o que se relaciona com a teoria gnóstica sobre uma dinastia advinda de sua suposta união com Maria Madalena (história essa que foi popularizada em um famoso bestseller).

No entanto, essa vertente é muito pouco crível. Mas existe outra: a do "sobre ti edificarei a minha Igreja". Sim, Pedro seria o "Ali" de Jesus Cristo para os ismailitas. O Grande Monarca católico seria, portanto, um descendente de Pedro, o "continuador" da revelação cristã, e, ao mesmo tempo, enquanto Mahdi, seria descendente de Maomé via Ali e Fátima.

Muitos ismailitas acreditam que Nargis tenha sido uma descendente de Pedro e que, por ser esposa do 11º Imã do xiismo, de sua prole sairá aquele que supostamente unificará as duas linhagens dinásticas de wasis (ou seja, o Grande Monarca/Mahdi). E é essa a convicção de um certo tariqueiro ameaçador com quem convivi por algum tempo.

8º Fato:

Os perenialistas menosprezam a moral das religiões. Para eles, o que importa é a metafísica que as embasa e, de sua prática, só querem uma coisa: o ritual! Segundo Guénon, em seu livro sobre iniciação, os ritos exotéricos de uma tradição - como as 5 orações diárias dos muçulmanos, ou a Eucaristia dos cristãos, etc. - podem passar a ter função também esotérica caso o indivíduo tenha sido "iniciado". Por isso, esforçam-se em ser os mais zelosos praticantes dos rituais das religiões que adotaram sem que isso signifique absolutamente sua adesão aos preceitos dessas mesmas religiões.

9º Fato:

A suposta iluminação gnóstica sempre esteve vinculada a uma figura feminina: Sofia, Spendarmat, Fátima (para os fatímidas ismailitas), Laila, ou nomes semelhantes, para os sufis (daí o nome da filha de René Guénon e da filha de um certo perenialista em "ocultação"), e também Maria, a mãe de Jesus. Não seria, porém, a Maria conforme compreendida pela tradição cristã (ou mesmo pela islâmica), mas o "arquétipo" ismailita com o qual a mãe de Jesus foi identificada como sendo uma das manifestações.

Segundo Guénon, o culto às Virgens Escuras ou Negras na Europa seria de caráter esotérico. Estima-se a existência de cerca de 500 imagens de Virgens Negras naquele continente. A Virgem Maria retratada por Frithjof Schuon também tinha a pele escura. Este, aliás, escreveu um artigo sobre a Virgem Negra de Czestotchowa, que era venerada também por Jacob Frank (da seita neo-sabataísta que se infiltrou na Igreja Católica, sobretudo na Polônia, e que também possui aparentes vínculos com os perenialistas). O perenialista Jean Hani dedicou um livro a essas virgens.

10º Fato:

Jutando-se o 8º ao 9º fato, temos que, entre as práticas católicas que tendem a ser muito apreciadas pelos perenialistas que se infitraram na Igreja, está a consagração à Virgem. Mas, como revela o fato acima, isso não quer dizer que a Virgem seja compreendida da mesma forma. Para eles, trata-se do "Eternal Feminine", como diz Hani, ou, se preferirem, a hindu Kali, segundo Schuon.

Por isso, fiquem atentos para um certo "pacto com Maria" fora da Igreja proposto por algum perenialista online, e desconfiem de algum sacerdote muito vinculado a algum perenialista "oculto", pois ele pode estar utilizando a fumaça das consagrações à Virgem para se camuflar de bom católico e, ao mesmo tempo, estar tentando atingir outros fins com essa prática.

11º Fato:

Segundo "um certo" brasileiro que foi muito ligado a Schuon, os romenos foram os que melhor compreenderam a obra de Guénon e até desenvolveram sua própria estratégia. A propósito, Guénon esteve de fato na Romênia e foi amigo de Mircea Eliade, o famoso "historiador das religiões" romeno e um notório perenialista. Eliade, por sua vez, foi amigo do maçon e antigo praticante de Meditação Transcedental, Andrei Plesu (Pleshu), que defende a Angelologia ismailita, conforme exposta por Henri Corbin, que unificaria as 3 tradições abraâmicas. E, para coroar tudo isso, Plesu/Pleshu acredita que a União Européia deve se integrar espiritualmente ao Maghreb, o Norte da África, reproduzindo as antigas invasões bárbaras!

E daí eu fico me perguntando: quem mais estará na lista de amigos de Plesu/Pleshu? E quem mais tem vínculos com a Romênia? Aliás, além das razões de um Van Helsing, por que cargas d'água um estrangeiro moraria na Romênia, hein!?

Está claro isso aí ou quer que eu desenhe?









 











segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O nosso scenário orthográphico.

Os setores mais conservadores, e até nem conservadores assim, já começam a expressar sua indignação com a novíssima proposta de simplificação ortográfica que se discute no Senado (veja o resumo das consequências aqui  ou em outros artigos da grande mídia acessíveis na Internet).

Chama-me atenção o baixo nível da discussão suscitada: quanto menos se conhece do assunto e de suas implicações na educação, mais acentuada a reação contrária a qualquer mudança e mais bizarras as considerações sobre seus efeitos na língua e na educação. 


Pretendo esclarecer algumas questões básicas para, depois, discutir possíveis reformas ortográficas em bases mais sólidas e menos apaixonadas.




1. Ortografia não é língua

Uma foto, um retrato realista pintado por um artista, um retrato pós-moderno, uma caricatura, uma foto digitalizada por um desses aplicativos nas redes sociais, uma escultura, etc., são todas formas de se representar um indivíduo, mas nenhuma delas é o indivíduo retratado. Não se pode dizer que essas representações são uma pessoa ou mesmo que façam parte de uma pessoa.

Isso é óbvio, mas deveria ser igualmente óbvio o que todo linguista sabe: um sistema ortográfico não é a língua e nem faz parte da língua, que é um fenômeno oral (ou mesmo gestual). A ortografia é somente uma forma em que se convencionou expressar os idiomas, que já existiam bem antes do desenvolvimento da forma escrita (muitas dessas línguas, aliás, permanecem ágrafas). Em vez de decidirem escrever "casa" com c-a-s-a, poderiam ter optado por "caza", "kasa", "kaza", "kz", ou mesmo um desenho de uma casa ou algo que nem se parecesse com uma (a propósito, a grafia de "casa" tampouco se parece com uma casa). 


Portanto, mesmo que se propusesse que "svambologdarzenwtl" fosse a nova forma de se escrever "casa", desde que a pronúncia atual se mantivesse, a língua portuguesa teria permanecido intocada


Conclusão: essa proposta não pretende mudar a língua, só sua ortografia oficial.




2. Os brasileiros não pronunciam errado e 
não querem destruir o idioma

Além de não se "destruir" um idioma com uma reforma ortográfica - pois, como explicado acima, ortografia não faz parte da língua -, até hoje só se estabeleceu uma única lei universal na ciência das línguas, e essa lei, baseada na observação, afirma que as que as colônias, devido ao afastamento do centro, são linguisticamente mais conservadoras do que as metrópoles.

Ou seja, países como Portugal, Espanha, França e Inglaterra tendem a ser bem mais inovadores na gramática e na pronúncia do que suas colônias ou ex-colônias. No caso do inglês, para quem domina o idioma, recomendo, para ilustrar, esse artigo do Daily Mail e esse breve paper no Slideshare. Quanto ao português, reproduzo breves trechos da longa e elucidativa palestra de Evanildo Bechara quando da comemoração dos 500 anos da Descoberta:




...Este ritmo vocabular e frasal ainda atual no Brasil, sem que as vogais átonas sejam absorvidas ou "engolidas" como fazem, em geral, os portugueses, é marca registrada da língua dos nossos colonizadores no século XVI

... especialmente lembremos Luís de Camões; os versos de Os Lusíadas lidos pelo poeta como de dez sílabas métricas, também o são na pronúncia geral do Brasil e, não sem razão, o saudoso lingüista e filólogo patrício Sílvio Elia, o considerava o primeiro poeta brasileiro. A um português de hoje, os mesmos versos poderão parecer metricamente mal elaborados; era o que pensava Antônio Feliciano de Castilho ao ler Camões com pronúncia lusitana do século XIX....Esta identidade relativa entre a observação de Fernão de Oliveira sobre o ritmo cadenciado do português do século XVI e a pronúncia normal brasileira que evita a síncope das vogais e sugere ao ouvinte uma pronúncia mais lenta se explica pelo conservadorismo à língua transplantada: o português do Brasil não conheceu as mudanças que o português europeu experimentou depois do século XVI: a intensificação da sílaba tônica que favoreceu a queda de vogais átonas; a mudança de e fechado a a fechado em contacto com fonema palatal: beijo — bâijo; espelho — espâlho; bem — bãi (rimando mãe com também).

... Conclui-se que a língua que chegou ao Brasil pertence à fase de transição entre a arcaica e a moderna, já alicerçada literariamente...

Essa classificação do português brasileiro segue o seguinte referencial, também exposto na palestra:



a) português arcaico: século XIII ao final do XIV;

b) português arcaico médio: primeira metade do século XV à primeira metade do século XVI;

c) português moderno: segunda metade do século XVI ao final do XVII (podendo-se estender aos inícios do século XVIII);

d) português contemporâneo: século XVlll aos nossos dias.


Isso quer dizer que nossa gramática - com muitos dos nossos supostos "erros gramaticais", que, muito frequentemente, não são erros de fato, mas arcaísmos - e a nossa pronúncia advém do português entre a fase "b" e "c", com as contribuições nacionais que o tempo, o isolamento e a imigração propiciaram, enquanto Portugal avançava para a fase "d". 


Conclusão: os brasileiros, americanos, etc., não destruíram os idiomas que herdaram dos colonizadores. Se fizemos alguma coisa foi, mais do que os europeus, preservá-los! Isso é o que diz a ciência. 




3. Quem começou a mudar a ortografia foram os portugueses

A primeira reforma ortográfica foi feita por Portugal, em 1911. Até então, procurava-se preservar a escrita conforme a raíz etimológica das palavras (ph, rh, y, etc., com origem na escrita latina ou grega - e não na língua latina ou grega, é bom lembrar). O governo republicano português da época propôs que a ortografia etimológica cedesse lugar a uma que espelhasse mais a fonética, facilitando, com isso, a universalização da alfabetização.

De início, O Brasil se negou a adotar essa reforma, só começando a dialogar com a ex-metrópole sobre o assunto mais de uma década depois, o que culminou em um acordo preliminar entre os dois países somente em 1934.  


Conclusão: não fomos nós que começamos com essa história de reforma ortográfica. Foram os portugueses! 



Dados os 3 esclarecimentos acima, vamos às considerações sobre reformas ortográficas e, para isso, irei inicialmente dividir o assunto em "acentuação gráfica" e "letras":




1. Acentuação gráfica


Costuma-se reclamar das regras de acentuação gráfica do mais recente acordo aprovado devido a sua alegada incoerência. Mas o fato é que o verdadeiro problema não está nas novas regras em si, mas na própria existência da acentuação gráfica!

Explico: as regras de acentuação gráfica dependem do conhecimento prévio da pronúncia de cada palavra. Elas não determinam essa pronúncia. Ou seja, se eu tivesse deixado de acentuar "não" ou "pronúncia" na oração anterior, essas palavras não seriam pronunciadas "náo", ou "pronuncía", como a maioria das pessoas presume. Elas seriam pronunciadas como já são na fala diária.

O que a regra de acentuação gráfica determina não é a pronúncia, mas, com base na forma como se pronunciam as palavras "não" e "pronúncia", se se deve ou não acentuá-las graficamente. Só isso! Mas isso significa que, para escrever qualquer palavra, eu teria de consultar as regras, uma a uma, e verificar se se aplicariam a cada palavra em questão! No caso de "Elas não determinam a pronúncia das palavras", por exemplo, eu teria de fazer a checagem de cada uma das regras de acentuação para cada palavra grafada:

"Elas": 


1. É proparoxítona? Não. 
2. É paroxítona? Sim. 
3. É terminada em R, X, N, L, etc...? Não. 
4. É oxítona? ...

"Não": 


1. É proparoxítona? Não. 
2. É paroxítona? ...

E assim por diante, até o último termo da oração. E o mesmo depois para a oração seguinte ("Ou seja, se eu...") e assim por diante até o final do texto. 


Eu faço isso? Não.

Você faz isso? Não.

Os gênios que inventam e reinventam as regras de acentuação e as defendem com unhas e dentes fazem isso? Também não.

Por que não? Creio que eu nem preciso responder!

Então, o que fazemos todos nós? Acentuamos com base na memória visual e na generalização por comparação. Quem costuma ler tem na memória visual a acentuação de "são" e "não", por exemplo, que são palavras de alta frequência na língua. Daí, por comparação, sabemos que qualquer palavra terminada com o som de "ão" terá o til, exista essa palavra ou não na língua portuguesa: "aão, bão, cão, dão, eão, fão, gão, ...", que é o que fizemos com "renderização", neologismo de origem inglesa, etc. 


É por isso que memorizar as regras de acentuação é inútil, pois, na prática, elas raramente são aplicada de fato. O que vale mesmo é a memória visual e sua generalização por comparação. Por essa razão, quanto mais o indivíduo lê em português, menor a probabilidade de errar a acentuação gráfica. No meu caso, como, há anos, tenho um contato muito maior com textos em inglês do que em português, tendo, hoje em dia, a ficar em dúvida quanto à acentuação (e a grafia em geral) com muito mais frequência do que antigamente (e nem me preocupo em começar a escrever "ideia" sem o acento). 


Fazendo uma comparação: não existe uma versão do Windows melhor do que outra; todas vão dar problemas na hora de usar! O que o usuário do Windows sai ganhando, ao trocar um Lixows Vista por um Lixows 7 e esse por um Lixows 8, é a praticidade de não haver grandes mudanças entre uma versão e outra (e, quando tentaram uma mudança radical, tirando o menu Iniciar do canto esquerdo inferior da tela do Lixows 8, tiveram que criar uma atualização resgatando a estética anterior só para respeitar os hábitos arraigados dos usuários antigos).   


Igualmente, os lusófonos do mundo inteiro precisam perceber que, racionalmente falando, não existe um sistema de acentuação gráfica realmente melhor do que outro. A acentuação gráfica é o Windows. A não acentuação gráfica é o Mac. Mas, se a intenção é mantê-la, que ela mude o mínimo possível e que as mudanças sejam somente oficializações de hábitos generalizados (como no caso da abolição voluntária do trema), ou os "usuários" perderão a confiança em suas memórias visuais, tendo de desenvolver novas memórias que, só muitos anos depois, darão frutos no processo de generalização por comparação. Mas, ao que parece, será então, quando o sistema estiver se estabilizando, que os "gênios" virão com novas regras e o processo se iniciará mais uma vez (a propósito, reiniciar lembra Windows ou Mac?).





2. Letras


Existe um mito de que a ortografia do português seria totalmente fonética. Em outras palavras, que, diferente do inglês, por exemplo, "a gente lê como se escreve". Esse é um grande engano, e muito maior quando falamos da pronúncia dos lusitanos se comparada à nossa, já que, como explicado por Bechara acima, eles tendem a "engolir" as vogais átonas, enquanto nós tendemos a pronunciá-las mais claramente. E, em ambos os continentes, o "L" tem som de semi-vogal no final de sílabas ("mal" rima com "mau"), e o "m" final pode virar um "u" ou um "i" nasal (como em "moram" e "também"), além de alterações das vogais átonas (no caso do Brasil, do Rio de Janeiro para cima), como em "buneca" (boneca), "bunitu" (bonito), "izami" (exame), etc.


A ortografia do português é, na realidade, uma mistura de etimologia e fonética. Aproximá-la da fonética e afastá-la da etimologia foi a proposta portuguesa de 1911 e é o que propõe a tal "simplificação" em questão. Não aceitar os consequentes "oje" (para "hoje"), "omem" (para "homem") e "qeijo" (para "queijo") só é admissível se advindo de um "etimófilo" radical, que porém, e incoerentemente, não costuma exigir o retorno do "ph" em "farmácia" ou do "sc" em "cena".

Tampouco agrada a mim ler palavras "oje", "omem" ou "qeijo", pois fico com a mesma sensação de estranhamento de quando faço uma busca em português no Google e ele me traz uma página da Wikipedia em galego
Mas isso é só um estranhamento momentâneo. Não seria difícil a quase ninguém se habituar a uma escrita que aproxima letras e fonemas. O difícil seria o contrário (como no meu radical exemplo de "svambologdarzenwtl" para a grafia de "casa").

O que deveria importar mesmo é determinar se haveria alguma vantagem em fazer isso. Eu acredito que sim e pretendo deixar isso claro abaixo.




Por que seria melhor uma simplificação ortográfica



Está científica e internacionalmente estabelecido que a forma mais eficiente de se alfabetizar crianças e adultos é utilizando-se a alfabetização fônica. Em sua forma mais completa, ela consiste em desenvolver a consciência fonêmica e fonológica do "letrando" e a relação entre fonemas e a ortografia estabelecida para uma língua.

O sistema fônico é mais eficiente mesmo na alfabetização de chineses - que não possuem um sistema ortográfico - , e, logicamente, tende a ser ainda mais eficiente e sobretudo mais rápido quanto mais fonética for a ortografia adotada: quanto mais irregular a grafia, mais longo tenderá a ser o processo de alfabetização/letramento, mesmo com o método fônico. E, logicamente, o sucesso na alfabetização tenderá a ser menos dependente do sistema fônico quanto mais fonética for a ortografia adotada (o que seria ótimo, já que o método fônico não se destaca por ser muito lúdico).


As pessoas costumam apontar o vergonhoso resultado brasileiro no
Pisa como uma evidência do caos do sistema educacional brasileiro. Apontam também a Finlândia como um exemplo a ser seguido. Incrível é que se ouça e leia esse tipo de consideração advindo das mesmas pessoas que são contrárias à simplificação ortográfica, já que o grande trunfo da Finlândia - e possivelmente da Estônia também - não é exatamente o sistema educacional, ao contrário do que se disseminou, mas a simplificação ortográfica. A língua finlandesa possui 38 fonemas e exatos 38 morfemas: a ortografia é absolutamente regular! 

O resultado é que uma criança finlandesa, após a simplificação, é alfabetizada, em média, em apenas 6 meses! Não me estenderei (tive de confirmar no Conjuga-me se é "estender" ou "extender") na análise, mas quem sabe ler em inglês e se preocupa com educação básica deveria mergulhar nessas três referências: nesse artigo, nesse blog e nessa análise do blog


Em vez de conservadores ou progressistas, que tal nos preocuparmos em ser um pouco mais racionais?