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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Está claro isso aí?

Há alguns anos eu publiquei, em meu antigo blog, uma lista de 10 passos para uma introdução ao perenialismo guenoniano. Muita gente me agradeceu por tê-los postado. Espero que esses 11 fatos iniciais - pois tem muito mais por vir - sejam suficientes para ajudar os leitores a entender melhor de que se trata, de fato, a desgraça chamada perenialismo, qual a sua verdadeira agenda e quem são seus agentes ocultos no Brasil.

 1º Fato:

René Guénon era maçon e cripto-ismailita. Em outras palavras, um defensor e, mais do que isso, um  representante destacado de uma heresia entre os católicos e uma heresia correspondente entre os muçulmanos. O ismailismo é uma praga esotérica que se infiltrou no Islã - e domina sabe-se lá quanto do sufismo - e que, através dos templários, constituiu as bases da "moderna Maçonaria".

Percebi esse vínculo somente há algum tempo. Ao procurar mais sobre o assunto no Google, encontrei esse e-book em espanhol e descobri que haviam não só percebido esse vínculo antes, como também já estava escrito um livro imprescindível para se entender a farsa perenialista.

2º Fato:

O perenialismo guenoniano não é guenoniano: é ismailita. Ele já existia há séculos. O Simbolismo da Cruz, por exemplo, é um antigo tema ismailita que foi posteriormente desenvolvido por Guénon. Ele só fez dar aos preceitos dessa seita o upgrade necessário aos novos tempos, e contou, para isso, com o auxílio de organizações secretas.

3º Fato:

Historicamente, os ismailitas adotaram a estratégia de revezamento entre "ocultação" e "atividade pública", que se alternam de acordo com as condições objetivas que vão encontrando. Quando havia reação poderosa à sua agenda, adotavam a "ocultação" através do discurso duplo ou dúbio, conseguindo frequentemente se passar pelos mais ortodoxos dos fiéis.

4º Fato:

A agenda perenialista consiste em infiltrar uma "elite gnóstica" aparentemente ortodoxa e "conservadora" nas grandes tradições espirituais - sobretudo a Igreja Católica e o Islã - e controlá-las a partir de dentro e, uma vez estabelecido esse controle, conduzi-las à tal "religião mundial".

5º fato:

Mas René Guénon escreveu contra a "religião mundial"! Sim, assim como escreveu, sob o pseudônimo Sphinx, contra a maçonaria em uma revista católica pseudamente anti-maçônica. Releia o 3º fato se ainda não entendeu o que significa "ocultação".

6º fato:

Voltando à agenda perenialista:

De um blog brasileiro sobre perenialismo, resumindo o pastiche que Guénon faz entre uma profecia católica (a do Grande Monarca) e uma islâmica (sobre o advento do Mahdi):

Assim organizações iniciáticas e contra-iniciáticas se enfrentarão em um antagonismo dialético muito sutil; onde “o verdadeiro esoterismo está além das oposições que se afirmam nos movimentos exteriores que agitam o mundo profano, e se estes movimentos são por vezes suscitados ou dirigidos invisivelmente por poderosas organizações iniciáticas, pode-se dizer que estas as dominam sem se misturar, de maneira a exercer igualmente sua influência sobre cada uma das partes contrárias” (René Guénon, O Esoterismo de Dante)

O papel das organizações iniciáticas e sociedades secretas seria duplo: restaurar para cada indivíduo «qualificado» o nível de consciência original, designado como estado primordial ou adâmico; acelerar em modo «subversivo» o processo de decadência coletiva que permitirá o advento de um novo ciclo, iniciado pelo «Grande Monarca» francês, o «Imperador Adormecido» germânico ou o «Mahdi» muçulmano.


Entendam que, para Guénon, o "Grande Monarca" católico seria, ao mesmo tempo, o Mahdi muçulmano, o descendente de Maomé que irá resgatar o Califado.

7º fato:

Os ismailitas são uma vertente do xiismo, e herdaram de sua origem a crença de que cada "Profeta" teve um "continuador" (wasi) - quase que um "sub-profeta" - que daria prosseguimento a seu trabalho e que os descendentes desse "Profeta" - ou desse "sub-profeta"-  herdariam essa função.

Existe toda uma rebuscada explicação "arquetípica" para isso, mas o que importa, em termos práticos, é que os ismailitas acreditam, como os xiitas, que Maomé foi o "Profeta" e Ali, seu sobrinho, era seu "continuador", assim como os advindos do casamento desse com a filha de Maomé, Fátima (daí a doutrina xiita do imamato).

No caso do Cristianismo, o natural seria procurar um descendente direto de Jesus, o que se relaciona com a teoria gnóstica sobre uma dinastia advinda de sua suposta união com Maria Madalena (história essa que foi popularizada em um famoso bestseller).

No entanto, essa vertente é muito pouco crível. Mas existe outra: a do "sobre ti edificarei a minha Igreja". Sim, Pedro seria o "Ali" de Jesus Cristo para os ismailitas. O Grande Monarca católico seria, portanto, um descendente de Pedro, o "continuador" da revelação cristã, e, ao mesmo tempo, enquanto Mahdi, seria descendente de Maomé via Ali e Fátima.

Muitos ismailitas acreditam que Nargis tenha sido uma descendente de Pedro e que, por ser esposa do 11º Imã do xiismo, de sua prole sairá aquele que supostamente unificará as duas linhagens dinásticas de wasis (ou seja, o Grande Monarca/Mahdi). E é essa a convicção de um certo tariqueiro ameaçador com quem convivi por algum tempo.

8º Fato:

Os perenialistas menosprezam a moral das religiões. Para eles, o que importa é a metafísica que as embasa e, de sua prática, só querem uma coisa: o ritual! Segundo Guénon, em seu livro sobre iniciação, os ritos exotéricos de uma tradição - como as 5 orações diárias dos muçulmanos, ou a Eucaristia dos cristãos, etc. - podem passar a ter função também esotérica caso o indivíduo tenha sido "iniciado". Por isso, esforçam-se em ser os mais zelosos praticantes dos rituais das religiões que adotaram sem que isso signifique absolutamente sua adesão aos preceitos dessas mesmas religiões.

9º Fato:

A suposta iluminação gnóstica sempre esteve vinculada a uma figura feminina: Sofia, Spendarmat, Fátima (para os fatímidas ismailitas), Laila, ou nomes semelhantes, para os sufis (daí o nome da filha de René Guénon e da filha de um certo perenialista em "ocultação"), e também Maria, a mãe de Jesus. Não seria, porém, a Maria conforme compreendida pela tradição cristã (ou mesmo pela islâmica), mas o "arquétipo" ismailita com o qual a mãe de Jesus foi identificada como sendo uma das manifestações.

Segundo Guénon, o culto às Virgens Escuras ou Negras na Europa seria de caráter esotérico. Estima-se a existência de cerca de 500 imagens de Virgens Negras naquele continente. A Virgem Maria retratada por Frithjof Schuon também tinha a pele escura. Este, aliás, escreveu um artigo sobre a Virgem Negra de Czestotchowa, que era venerada também por Jacob Frank (da seita neo-sabataísta que se infiltrou na Igreja Católica, sobretudo na Polônia, e que também possui aparentes vínculos com os perenialistas). O perenialista Jean Hani dedicou um livro a essas virgens.

10º Fato:

Jutando-se o 8º ao 9º fato, temos que, entre as práticas católicas que tendem a ser muito apreciadas pelos perenialistas que se infitraram na Igreja, está a consagração à Virgem. Mas, como revela o fato acima, isso não quer dizer que a Virgem seja compreendida da mesma forma. Para eles, trata-se do "Eternal Feminine", como diz Hani, ou, se preferirem, a hindu Kali, segundo Schuon.

Por isso, fiquem atentos para um certo "pacto com Maria" fora da Igreja proposto por algum perenialista online, e desconfiem de algum sacerdote muito vinculado a algum perenialista "oculto", pois ele pode estar utilizando a fumaça das consagrações à Virgem para se camuflar de bom católico e, ao mesmo tempo, estar tentando atingir outros fins com essa prática.

11º Fato:

Segundo "um certo" brasileiro que foi muito ligado a Schuon, os romenos foram os que melhor compreenderam a obra de Guénon e até desenvolveram sua própria estratégia. A propósito, Guénon esteve de fato na Romênia e foi amigo de Mircea Eliade, o famoso "historiador das religiões" romeno e um notório perenialista. Eliade, por sua vez, foi amigo do maçon e antigo praticante de Meditação Transcedental, Andrei Plesu (Pleshu), que defende a Angelologia ismailita, conforme exposta por Henri Corbin, que unificaria as 3 tradições abraâmicas. E, para coroar tudo isso, Plesu/Pleshu acredita que a União Européia deve se integrar espiritualmente ao Maghreb, o Norte da África, reproduzindo as antigas invasões bárbaras!

E daí eu fico me perguntando: quem mais estará na lista de amigos de Plesu/Pleshu? E quem mais tem vínculos com a Romênia? Aliás, além das razões de um Van Helsing, por que cargas d'água um estrangeiro moraria na Romênia, hein!?

Está claro isso aí ou quer que eu desenhe?









 











segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O nosso scenário orthográphico.

Os setores mais conservadores, e até nem conservadores assim, já começam a expressar sua indignação com a novíssima proposta de simplificação ortográfica que se discute no Senado (veja o resumo das consequências aqui  ou em outros artigos da grande mídia acessíveis na Internet).

Chama-me atenção o baixo nível da discussão suscitada: quanto menos se conhece do assunto e de suas implicações na educação, mais acentuada a reação contrária a qualquer mudança e mais bizarras as considerações sobre seus efeitos na língua e na educação. 


Pretendo esclarecer algumas questões básicas para, depois, discutir possíveis reformas ortográficas em bases mais sólidas e menos apaixonadas.




1. Ortografia não é língua

Uma foto, um retrato realista pintado por um artista, um retrato pós-moderno, uma caricatura, uma foto digitalizada por um desses aplicativos nas redes sociais, uma escultura, etc., são todas formas de se representar um indivíduo, mas nenhuma delas é o indivíduo retratado. Não se pode dizer que essas representações são uma pessoa ou mesmo que façam parte de uma pessoa.

Isso é óbvio, mas deveria ser igualmente óbvio o que todo linguista sabe: um sistema ortográfico não é a língua e nem faz parte da língua, que é um fenômeno oral (ou mesmo gestual). A ortografia é somente uma forma em que se convencionou expressar os idiomas, que já existiam bem antes do desenvolvimento da forma escrita (muitas dessas línguas, aliás, permanecem ágrafas). Em vez de decidirem escrever "casa" com c-a-s-a, poderiam ter optado por "caza", "kasa", "kaza", "kz", ou mesmo um desenho de uma casa ou algo que nem se parecesse com uma (a propósito, a grafia de "casa" tampouco se parece com uma casa). 


Portanto, mesmo que se propusesse que "svambologdarzenwtl" fosse a nova forma de se escrever "casa", desde que a pronúncia atual se mantivesse, a língua portuguesa teria permanecido intocada


Conclusão: essa proposta não pretende mudar a língua, só sua ortografia oficial.




2. Os brasileiros não pronunciam errado e 
não querem destruir o idioma

Além de não se "destruir" um idioma com uma reforma ortográfica - pois, como explicado acima, ortografia não faz parte da língua -, até hoje só se estabeleceu uma única lei universal na ciência das línguas, e essa lei, baseada na observação, afirma que as que as colônias, devido ao afastamento do centro, são linguisticamente mais conservadoras do que as metrópoles.

Ou seja, países como Portugal, Espanha, França e Inglaterra tendem a ser bem mais inovadores na gramática e na pronúncia do que suas colônias ou ex-colônias. No caso do inglês, para quem domina o idioma, recomendo, para ilustrar, esse artigo do Daily Mail e esse breve paper no Slideshare. Quanto ao português, reproduzo breves trechos da longa e elucidativa palestra de Evanildo Bechara quando da comemoração dos 500 anos da Descoberta:




...Este ritmo vocabular e frasal ainda atual no Brasil, sem que as vogais átonas sejam absorvidas ou "engolidas" como fazem, em geral, os portugueses, é marca registrada da língua dos nossos colonizadores no século XVI

... especialmente lembremos Luís de Camões; os versos de Os Lusíadas lidos pelo poeta como de dez sílabas métricas, também o são na pronúncia geral do Brasil e, não sem razão, o saudoso lingüista e filólogo patrício Sílvio Elia, o considerava o primeiro poeta brasileiro. A um português de hoje, os mesmos versos poderão parecer metricamente mal elaborados; era o que pensava Antônio Feliciano de Castilho ao ler Camões com pronúncia lusitana do século XIX....Esta identidade relativa entre a observação de Fernão de Oliveira sobre o ritmo cadenciado do português do século XVI e a pronúncia normal brasileira que evita a síncope das vogais e sugere ao ouvinte uma pronúncia mais lenta se explica pelo conservadorismo à língua transplantada: o português do Brasil não conheceu as mudanças que o português europeu experimentou depois do século XVI: a intensificação da sílaba tônica que favoreceu a queda de vogais átonas; a mudança de e fechado a a fechado em contacto com fonema palatal: beijo — bâijo; espelho — espâlho; bem — bãi (rimando mãe com também).

... Conclui-se que a língua que chegou ao Brasil pertence à fase de transição entre a arcaica e a moderna, já alicerçada literariamente...

Essa classificação do português brasileiro segue o seguinte referencial, também exposto na palestra:



a) português arcaico: século XIII ao final do XIV;

b) português arcaico médio: primeira metade do século XV à primeira metade do século XVI;

c) português moderno: segunda metade do século XVI ao final do XVII (podendo-se estender aos inícios do século XVIII);

d) português contemporâneo: século XVlll aos nossos dias.


Isso quer dizer que nossa gramática - com muitos dos nossos supostos "erros gramaticais", que, muito frequentemente, não são erros de fato, mas arcaísmos - e a nossa pronúncia advém do português entre a fase "b" e "c", com as contribuições nacionais que o tempo, o isolamento e a imigração propiciaram, enquanto Portugal avançava para a fase "d". 


Conclusão: os brasileiros, americanos, etc., não destruíram os idiomas que herdaram dos colonizadores. Se fizemos alguma coisa foi, mais do que os europeus, preservá-los! Isso é o que diz a ciência. 




3. Quem começou a mudar a ortografia foram os portugueses

A primeira reforma ortográfica foi feita por Portugal, em 1911. Até então, procurava-se preservar a escrita conforme a raíz etimológica das palavras (ph, rh, y, etc., com origem na escrita latina ou grega - e não na língua latina ou grega, é bom lembrar). O governo republicano português da época propôs que a ortografia etimológica cedesse lugar a uma que espelhasse mais a fonética, facilitando, com isso, a universalização da alfabetização.

De início, O Brasil se negou a adotar essa reforma, só começando a dialogar com a ex-metrópole sobre o assunto mais de uma década depois, o que culminou em um acordo preliminar entre os dois países somente em 1934.  


Conclusão: não fomos nós que começamos com essa história de reforma ortográfica. Foram os portugueses! 



Dados os 3 esclarecimentos acima, vamos às considerações sobre reformas ortográficas e, para isso, irei inicialmente dividir o assunto em "acentuação gráfica" e "letras":




1. Acentuação gráfica


Costuma-se reclamar das regras de acentuação gráfica do mais recente acordo aprovado devido a sua alegada incoerência. Mas o fato é que o verdadeiro problema não está nas novas regras em si, mas na própria existência da acentuação gráfica!

Explico: as regras de acentuação gráfica dependem do conhecimento prévio da pronúncia de cada palavra. Elas não determinam essa pronúncia. Ou seja, se eu tivesse deixado de acentuar "não" ou "pronúncia" na oração anterior, essas palavras não seriam pronunciadas "náo", ou "pronuncía", como a maioria das pessoas presume. Elas seriam pronunciadas como já são na fala diária.

O que a regra de acentuação gráfica determina não é a pronúncia, mas, com base na forma como se pronunciam as palavras "não" e "pronúncia", se se deve ou não acentuá-las graficamente. Só isso! Mas isso significa que, para escrever qualquer palavra, eu teria de consultar as regras, uma a uma, e verificar se se aplicariam a cada palavra em questão! No caso de "Elas não determinam a pronúncia das palavras", por exemplo, eu teria de fazer a checagem de cada uma das regras de acentuação para cada palavra grafada:

"Elas": 


1. É proparoxítona? Não. 
2. É paroxítona? Sim. 
3. É terminada em R, X, N, L, etc...? Não. 
4. É oxítona? ...

"Não": 


1. É proparoxítona? Não. 
2. É paroxítona? ...

E assim por diante, até o último termo da oração. E o mesmo depois para a oração seguinte ("Ou seja, se eu...") e assim por diante até o final do texto. 


Eu faço isso? Não.

Você faz isso? Não.

Os gênios que inventam e reinventam as regras de acentuação e as defendem com unhas e dentes fazem isso? Também não.

Por que não? Creio que eu nem preciso responder!

Então, o que fazemos todos nós? Acentuamos com base na memória visual e na generalização por comparação. Quem costuma ler tem na memória visual a acentuação de "são" e "não", por exemplo, que são palavras de alta frequência na língua. Daí, por comparação, sabemos que qualquer palavra terminada com o som de "ão" terá o til, exista essa palavra ou não na língua portuguesa: "aão, bão, cão, dão, eão, fão, gão, ...", que é o que fizemos com "renderização", neologismo de origem inglesa, etc. 


É por isso que memorizar as regras de acentuação é inútil, pois, na prática, elas raramente são aplicada de fato. O que vale mesmo é a memória visual e sua generalização por comparação. Por essa razão, quanto mais o indivíduo lê em português, menor a probabilidade de errar a acentuação gráfica. No meu caso, como, há anos, tenho um contato muito maior com textos em inglês do que em português, tendo, hoje em dia, a ficar em dúvida quanto à acentuação (e a grafia em geral) com muito mais frequência do que antigamente (e nem me preocupo em começar a escrever "ideia" sem o acento). 


Fazendo uma comparação: não existe uma versão do Windows melhor do que outra; todas vão dar problemas na hora de usar! O que o usuário do Windows sai ganhando, ao trocar um Lixows Vista por um Lixows 7 e esse por um Lixows 8, é a praticidade de não haver grandes mudanças entre uma versão e outra (e, quando tentaram uma mudança radical, tirando o menu Iniciar do canto esquerdo inferior da tela do Lixows 8, tiveram que criar uma atualização resgatando a estética anterior só para respeitar os hábitos arraigados dos usuários antigos).   


Igualmente, os lusófonos do mundo inteiro precisam perceber que, racionalmente falando, não existe um sistema de acentuação gráfica realmente melhor do que outro. A acentuação gráfica é o Windows. A não acentuação gráfica é o Mac. Mas, se a intenção é mantê-la, que ela mude o mínimo possível e que as mudanças sejam somente oficializações de hábitos generalizados (como no caso da abolição voluntária do trema), ou os "usuários" perderão a confiança em suas memórias visuais, tendo de desenvolver novas memórias que, só muitos anos depois, darão frutos no processo de generalização por comparação. Mas, ao que parece, será então, quando o sistema estiver se estabilizando, que os "gênios" virão com novas regras e o processo se iniciará mais uma vez (a propósito, reiniciar lembra Windows ou Mac?).





2. Letras


Existe um mito de que a ortografia do português seria totalmente fonética. Em outras palavras, que, diferente do inglês, por exemplo, "a gente lê como se escreve". Esse é um grande engano, e muito maior quando falamos da pronúncia dos lusitanos se comparada à nossa, já que, como explicado por Bechara acima, eles tendem a "engolir" as vogais átonas, enquanto nós tendemos a pronunciá-las mais claramente. E, em ambos os continentes, o "L" tem som de semi-vogal no final de sílabas ("mal" rima com "mau"), e o "m" final pode virar um "u" ou um "i" nasal (como em "moram" e "também"), além de alterações das vogais átonas (no caso do Brasil, do Rio de Janeiro para cima), como em "buneca" (boneca), "bunitu" (bonito), "izami" (exame), etc.


A ortografia do português é, na realidade, uma mistura de etimologia e fonética. Aproximá-la da fonética e afastá-la da etimologia foi a proposta portuguesa de 1911 e é o que propõe a tal "simplificação" em questão. Não aceitar os consequentes "oje" (para "hoje"), "omem" (para "homem") e "qeijo" (para "queijo") só é admissível se advindo de um "etimófilo" radical, que porém, e incoerentemente, não costuma exigir o retorno do "ph" em "farmácia" ou do "sc" em "cena".

Tampouco agrada a mim ler palavras "oje", "omem" ou "qeijo", pois fico com a mesma sensação de estranhamento de quando faço uma busca em português no Google e ele me traz uma página da Wikipedia em galego
Mas isso é só um estranhamento momentâneo. Não seria difícil a quase ninguém se habituar a uma escrita que aproxima letras e fonemas. O difícil seria o contrário (como no meu radical exemplo de "svambologdarzenwtl" para a grafia de "casa").

O que deveria importar mesmo é determinar se haveria alguma vantagem em fazer isso. Eu acredito que sim e pretendo deixar isso claro abaixo.




Por que seria melhor uma simplificação ortográfica



Está científica e internacionalmente estabelecido que a forma mais eficiente de se alfabetizar crianças e adultos é utilizando-se a alfabetização fônica. Em sua forma mais completa, ela consiste em desenvolver a consciência fonêmica e fonológica do "letrando" e a relação entre fonemas e a ortografia estabelecida para uma língua.

O sistema fônico é mais eficiente mesmo na alfabetização de chineses - que não possuem um sistema ortográfico - , e, logicamente, tende a ser ainda mais eficiente e sobretudo mais rápido quanto mais fonética for a ortografia adotada: quanto mais irregular a grafia, mais longo tenderá a ser o processo de alfabetização/letramento, mesmo com o método fônico. E, logicamente, o sucesso na alfabetização tenderá a ser menos dependente do sistema fônico quanto mais fonética for a ortografia adotada (o que seria ótimo, já que o método fônico não se destaca por ser muito lúdico).


As pessoas costumam apontar o vergonhoso resultado brasileiro no
Pisa como uma evidência do caos do sistema educacional brasileiro. Apontam também a Finlândia como um exemplo a ser seguido. Incrível é que se ouça e leia esse tipo de consideração advindo das mesmas pessoas que são contrárias à simplificação ortográfica, já que o grande trunfo da Finlândia - e possivelmente da Estônia também - não é exatamente o sistema educacional, ao contrário do que se disseminou, mas a simplificação ortográfica. A língua finlandesa possui 38 fonemas e exatos 38 morfemas: a ortografia é absolutamente regular! 

O resultado é que uma criança finlandesa, após a simplificação, é alfabetizada, em média, em apenas 6 meses! Não me estenderei (tive de confirmar no Conjuga-me se é "estender" ou "extender") na análise, mas quem sabe ler em inglês e se preocupa com educação básica deveria mergulhar nessas três referências: nesse artigo, nesse blog e nessa análise do blog


Em vez de conservadores ou progressistas, que tal nos preocuparmos em ser um pouco mais racionais?

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O mínimo que você precisa dizer para pagar mico nas redes sociais



Do site e-farsas:

A Lei 12.970 existe mesmo e foi sancionada por Dilma Rousseff. Só que o fato não ocorreu em agosto, como estão espalhando por aí! Dilma sancionou a Lei no dia dia 09 de maio de 2014conforme podemos ler nessa matéria do G1.

Também desmentindo os boateiros de plantão, é preciso explicar aqui que a tal lei não foi criada por Dilma. A Lei 12.970 foi proposta pelos militares em 2006, logo após a CPI da Crise Aérea, criada depois do acidente envolvendo um avião da Gol (onde morreram 154 pessoas).

...No entanto, basta uma lida rápida no conteúdo da Lei nº 12.970 para perceber que ela não foi feita para encobrir possíveis envolvidos nesse tipo de acidente. O Artigo 88-D, por exemplo, diz:

“Art. 88-D.  Se, no curso de investigação Sipaer, forem encontrados indícios de crime, relacionados ou não à cadeia de eventos do acidente, far-se-á a comunicação à autoridade policial competente.”


terça-feira, 12 de agosto de 2014

Pior que um idiota, só um idiota 65 reais mais pobre.

Se, querendo deixar de ser um idiota, você se empolgou lendo um grosso livro de um autor que já foi parar em um hospício, do qual saiu sem alta médica e, ainda pior, que chegou ao ponto de construir uma barca egípcia no porão de casa, cuja porta cerrou com tijolos e cimento, com o intuito de transmigrar para o outro mundo, saiba que você continua sendo o mesmo idiota de sempre. Mas só que um pouco mais pobre. 

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Chamando o Hugo

Rafael de São Cipriano: em consonância com Hugo de São Vitor, eu busco o conhecimento porque ele é um modo superior de Poder, que vem do fundo do ser e que nos permite ser mais e melhor que os outros.