Disse ele que levou "décadas para entender uma coisa tão óbvia", sendo que ele já havia dito a mesma coisa sobre a suposta centralidade do milagre no Cristianismo.
Ora, a idéia de que o milagre tem papel essencial nessa tradição, em oposição ao que ocorre no Islã, já havia sido afirmada anteriormente por Frithjof Schuon, antigo mestre "espiritual" de Olavo de Carvalho, que foi o representante oficial (muqaddam) de Schuon no Brasil! Ele não levou décadas refletindo sobre isso: ele aprendeu nos livros, e talvez mesmo "aos pés" do antigo mestre.
Já a afirmação de que Jesus não teria pregado uma doutrina - a despeito de se afirmar o contrário nos Evangelhos! - eu não lembro de ter lido em Schuon. Mas isso foi repetido por Andrei Plesu, amigo de Olavo de Carvalho, em um livro romeno de 2012 em que interpreta, de forma aparentemente questionável - a julgar pelo que diz a resenha a que tive acesso - as parábolas proferidas por Jesus. Segundo essa resenha, Plesu afirma, na página 211 de dito livro, que "Jesus não parece ter se preocupado em construir uma doutrina".
Andrei Plesu, além de maçon, é um grande admirador do falecido André Scrima, padre ortodoxo que participou do Vaticano II e tinha claras influências perenialistas. Como já foi dito neste blog, o perenialismo guenoniano nada mais é que uma forma renovada da antiga e herética seita islâmica do Ismailismo, que, por sua vez, ensina a angelologia que Plesu importou e tornou essencial em sua visão do que seria o Cristianismo (vejam o índice de seu livro "On Angels", que se revela uma clara adaptação dos ensinamentos cristãos à angelologia ismailita exposta por Henri Corbin).
Há, na Romênia, duas organizações iniciáticas que foram criadas sob influência perenialista (e Plesu parece ser ou ter sido membro de uma delas ou até mesmo de ambas): a Fraternidade de Hyperion - ou Fraternity of Hyperion, se quiser encontrar mais informações em inglês - e a Rugul Aprins, da qual Scrima era membro.
Participar de uma dessas organizações parece ser a única explicação plausível para o estranho e frequente afluxo de perenialistas brasileiros por aquelas paragens.