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domingo, 14 de setembro de 2014

Arrumando o que fazer na Romênia.

"O modernismo de Olavo de Carvalho", publicado no site da Associação Montfort, expõe claramente a divergência entre o que o pensador diz ser o Cristianismo e o que a Igreja diz a respeito. Segundo Olavo de Carvalho, o Cristianismo não era, em sua origem, uma doutrina, mas uma série de fatos e, sobretudo, fatos miraculosos. Ele foi ainda mais longe no Facebook e, implicitamente, negou a autoridade da Tradição da Igreja Católica, a que diz pertencer:




Disse ele que levou "décadas para entender uma coisa tão óbvia", sendo que ele já havia dito a mesma coisa sobre a suposta centralidade do milagre no Cristianismo.

Ora, a idéia de que o milagre tem papel essencial nessa tradição, em oposição ao que ocorre no Islã, já havia sido afirmada anteriormente por Frithjof Schuon, antigo mestre "espiritual" de Olavo de Carvalho, que foi o representante oficial (muqaddam) de Schuon no Brasil! Ele não levou décadas refletindo sobre isso: ele aprendeu nos livros, e talvez mesmo "aos pés" do antigo mestre.

Já a afirmação de que Jesus não teria pregado uma doutrina - a despeito de se afirmar o contrário nos Evangelhos! - eu não lembro de ter lido em Schuon. Mas isso foi repetido por Andrei Plesu, amigo de Olavo de Carvalho, em um livro romeno de 2012 em que interpreta, de forma aparentemente questionável - a julgar pelo que diz a resenha a que tive acesso - as parábolas proferidas por Jesus. Segundo essa resenha, Plesu afirma, na página 211 de dito livro, que "Jesus não parece ter se preocupado em construir uma doutrina".

Andrei Plesu, além de maçon, é um grande admirador do falecido André Scrima, padre ortodoxo que participou do Vaticano II e tinha claras influências perenialistas. Como já foi dito neste blog, o perenialismo guenoniano nada mais é que uma forma renovada da antiga e herética seita islâmica do Ismailismo, que, por sua vez, ensina a angelologia que Plesu importou e tornou essencial em sua visão do que seria o Cristianismo (vejam o índice de seu livro "On Angels", que se revela uma clara adaptação dos ensinamentos cristãos à angelologia ismailita exposta por Henri Corbin).

Há, na Romênia, duas organizações iniciáticas que foram criadas sob influência perenialista (e Plesu parece ser ou ter sido membro de uma delas ou até mesmo de ambas): a Fraternidade de Hyperion - ou Fraternity of Hyperion, se quiser encontrar mais informações em inglês - e a Rugul Aprins, da qual Scrima era membro.

Participar de uma dessas organizações parece ser a única explicação plausível para o estranho e frequente afluxo de perenialistas brasileiros por aquelas paragens.





















quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Ponerologia vs. Ponerology

Um amigo me chamou a atenção para a capa do livro Ponerologia: Psicopatas no Poder, recentemente lançado pela Vide Editorial:





Nessa edição brasileira, tem-se uma estilização da sede do nosso Congresso. Pode-se ver ao centro, encimando o que seriam as duas torres de escritórios, o punho cerrado utilizado comumente para representar a combatividade das esquerdas e, nas cúpulas das duas câmaras, o que parece ser a vista do Kremlin, à esquerda - ou a administração Putin (?) - e o Capitólio americano, à direita - ou a administração Obama (?). 

Pelo texto do prefácio escrito por Olavo de Carvalho e reproduzido parcialmente no site da editora, e conhecendo-se o que ele diz dos dois líderes políticos citados, creio que não seria imprudente remover os pontos de interrogação acima:

Não é preciso nenhum estudo especial para saber que, invariavelmente, o discurso comunista, pró-comunista ou esquerdista é cem por cento baseado na exploração da compaixão e da culpa. Isso é da experiência comum...


Agora vejamos a capa da edição americana:





As duas capas não parecem expressar exatamente o mesmo conteúdo, sobretudo com trechos como esses abaixo, que retirei do site dedicado à edição original (minha tradução):



... As pessoas que perderam a capacidade de raciocínio lógico (e, portanto, a capacidade de distinguir a verdade da mentira) são portanto mais inclinadas a aceitar a paralógica e a paramoral dos psicopatas e caracteropatas. Observe, por exemplo, o comportamento da "Direita Cristã" e sua aceitação acrítica da propaganda de guerra. 

... A busca da verdade revela fatos "inconvenientes", ou seja, moralmente constrangedores. Por exemplo, os senhores de escravos cristãos sendo lembrados de que manter escravos não é uma atividade muito cristã; ou americanos que normalmente não seriam preconceituosos sendo informados de que os dólares de seus impostos estão sendo gastos para finalidades racistas, ou seja, para a limpeza étnica dos palestinos nas terras cobiçadas pelos sionistas. As sociedades hedonistas reprimem o fato de que se beneficiam do sofrimento alheio. 

Não corra riscos! A edição americana para Kindle está sendo vendida por meros R$ 23,23 na Amazon brasileira